O Grupo Votorantim tornou-se uma mosca de padaria em terras mineiras. O mais curioso é que os desorientados voos em círculo não se dão ao redor de um pão doce, mas de uma deficitária e maltratada refinaria de níquel.
Os Ermírio de Moraes não pousam nem saem de cima da usina localizada na cidade de Fortaleza de Minas (MG). O smelter foi desativado em setembro do ano passado. À época, a Votorantim Metais informou se tratar de uma “suspensão temporária”.
Oito meses se passaram e o “temporário” parece ser cada vez mais “definitivo”: até o momento, não há qualquer sinal de retomada das atividades na usina mineira. Segundo informa o Relatório Reservado, os Ermírio de Moraes já mandaram para a rua mais de 400 funcionários.
Não obstante a bem cuidada fachada, que pode enganar os mais desavisados, o cenário no interior da refinaria é desalentador: máquinas paradas, equipamentos sem manutenção, restos de matéria-prima nos estoques. Se a intenção dos Ermírio de Moraes é criar um “Museu do Níquel”, estão no caminho certo. Procurado pelo RR, o Votorantim não quis se pronunciar.
A desativação do smelter tem gerado um forte desgaste político para o Votorantim. A paciência do governo mineiro já se esgotou. É forte a pressão para que os Ermírio de Moraes vendam a usina, o que é visto na cidade como a única possibilidade de reabertura da metalúrgica e de readmissão dos empregados.
A tensão política é proporcional ao impacto social do fechamento da unidade: a planta de níquel empregava aproximadamente 10% de toda a população de Fortaleza de Minas (MG). Em ano de eleição, não há autoridade que queira dormir com um número desses debaixo do travesseiro.
Por falar em números, diante do descaso dos Ermírio de Moraes com a usina mineira, não é difícil entender por que a Votorantim Metais acumula tanto prejuízo. No ano passado, só a divisão de níquel teve perdas de mais de R$ 400 milhões – estima- se que um terço deste valor corresponde ao smelter de Fortaleza de Minas.
Fonte: Relatório Reservado
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