A economia mundial está sofrendo com os “seis graus de separação”.
Essa é a conclusão dos economistas Stephen King e James Pomeroy, do HSBC Holdings Plc, depois de investigarem a desaceleração do comércio global desde a crise financeira de 2008.
Após ampliar-se a um ritmo quase duas vezes maior que o do crescimento econômico no período que antecedeu a crise e cerca de três vezes sua taxa no período imediatamente posterior, o comércio agora mal supera a expansão mesmo em um momento em que o volume de comércio continua estabelecendo novas altas.
Embora a demanda fraca seja culpada por boa parte da desaceleração, pelo menos metade dela é resultado das mudanças estruturais que desgastaram os laços entre os países e podem atrasar a economia mundial, segundo o HSBC.
Um ambiente como esse reflete uma inversão em relação aos anos pré-crise, quando o nascimento da internet, o uso de navios de contêineres e a proliferação dos acordos de livre comércio estavam entre os fatores que empurravam as exportações para cima.
Para explicar a reversão, os economistas do HSBC se concentraram em seis explicações sobre por que o mundo já não está tão conectado quanto antes.
Em primeiro lugar, as cadeias de abastecimento vêm sendo interrompidas por riscos ambientais, como o tsunami no Japão, ameaças geopolíticas e ganhos salariais mais rápidos em mercados emergentes antes baratos, segundo King e Pomeroy. Frente a essas tendências, empresas como a Caterpillar Inc., nos EUA, chegaram até a repatriar produção.
Segundo, alguns países em desenvolvimento, como a China, agora também são capazes de fornecer os próprios insumos que suas indústrias manufatureiras antes importavam, segundo o HSBC.
Protecionismo crescente
O protecionismo também está aumentando, principalmente na forma de barreiras comerciais além das tarifas tradicionais, como padrões regulatórios para bens manufaturados.
Uma quarta razão estrutural para o comércio exterior fraco é que os serviços agora respondem por uma fatia maior da atividade econômica e são menos facilmente comercializáveis que as mercadorias.
O acesso ao financiamento ao comércio exterior também pode ser um desafio, segundo o HSBC, em um momento em que alguns governos implementaram requisitos de compra que favorecem produtores locais. A legislação de 2009 nos EUA, por exemplo, continha uma disposição “Buy America” que, entre outras coisas, exigia que os projetos de infraestrutura de transporte do governo fossem construídos com produtos fabricados nos EUA.
Há algumas razões para que o HSBC pense que o comércio exterior poderá melhorar. Acordos comerciais como a Parceria Trans-Pacífico, formada por 12 países, podem ser fechados, enquanto os mercados emergentes deverão efetuar mais trocas comerciais entre si à medida que suas economias se modernizarem.
No momento, King, que é o economista-chefe global do HSBC, está preocupado. “O crescimento do comércio internacional é notavelmente fraco”, disse ele em uma apresentação. “Estão surgindo algumas mudanças estruturais”.
Fonte: Uol
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