Funcionários que investem na Petros estão tendo perdas que podem comprometer aposentadoria.
O Fundo de Pensão dos Funcionários da Petrobras (Petros) poderá repetir no resultado de 2014, ou até mesmo superar, o déficit de R$ 7 bilhões de 2013, segundo especialistas. A fuga de investidores e uso indevido dos recursos agravaram a situação. “Diante do que vem acontecendo com a Petrobras, tudo é possível. Além do mais, existem questões políticas envolvidas nos fundos de pensão de estatais, em especial, no que se refere ao direcionamento de investimentos”, observa o professor de finanças internacionais e mercado de capitais da Universidade Fumec, Felipe Borlido.
E a administração do fundo ainda está sob suspeita da Polícia Federal, graças aos depoimentos colhidos em novembro de 2014, durante a Operação Lava Jato. O Previ, do Banco do Brasil, e outros fundos estatais também são investigados por outros órgãos de fiscalização, como é o caso da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que foi iniciada há dois anos, quando foram detectadas as primeiras suspeitas de irregularidades nos fundos de pensão de funcionários da Petrobras – Petros – e Postalis – dos funcionários dos Correios.
Na ocasião, a Petros negou ter recebido notificação da Previc sobre irregularidades e informou que todas as decisões sobre investimentos são técnicas.
Borlido observa que a situação não é nada boa para os funcionários da Petrobras que participam do fundo, que serve como complementação da aposentadoria. “Quem for resgatar o valor investido durante anos, quando a empresa vivia uma outra realidade, agora vai ter prejuízo”, diz. Ele explica que esse fundo de pensão é opcional aos funcionários da empresa.
O coordenador do curso de ciências econômicas da Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, também não descarta que o desempenho de 2014 do Petros seja negativo. “Não dá para precisar o valor, mas pode superar os R$ 7 bilhões”, diz.
Aliás, em abril do ano passado, já havia uma preocupação do conselho fiscal de que o fundo registre déficit por três anos consecutivos. Se isso ocorrer, a lei obriga o fundo a resolver a situação, o que significa prejuízo no bolso dos participantes do fundo. São três as opções previstas em lei: os participantes e o patrocinador precisam pagar mais pelas contribuições, os benefícios são reduzidos ou ainda uma combinação das duas.
O déficit de 2013 foi fruto da alta taxa de juros e da queda das ações na Bolsa, que foi de 15%, além da aplicações em títulos de crédito que não foram pagos pelos devedores. A Petros comprou, por exemplo, títulos de crédito do banco BVA, que está em liquidação financeira.
Além dos funcionários, o prejuízo do fundo pode impactar em outros investimentos feitos no país. Um deles é a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no qual o Petros é um dos investidores. Em 2013, o fundo tinha investido em torno de R$ 300 milhões. A previsão é de aporte na casa dos R$ 600 milhões.
Fonte: Ig
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