Cadeirinhas vendidas no Brasil são ruins, apontam testes

cadeirinha automóveisA associação de consumidores Proteste, parceira do Programa de Avaliação de Carros Novos Global NCAP e do ICRT (International Research & Testing), divulgou nessa terça-feira (25) os resultados da última avaliação feita com 13 dispositivos de retenção de crianças nos veículos, as conhecidas cadeirinhas infantis para carros. O resultado foi preocupante: nenhum dos assentos avaliados obteve mais do que três estrelas no teste – a classificação máxima é de cinco estrelas.

Das 13 cadeirinhas avaliadas, para crianças de 0 a 36 quilos, apenas três não são vendidas no Brasil. Elas foram submetidas a testes de colisão que simulam uma batida frontal a 64 km/h e lateral a 28 km/h em um automóvel cuja estrutura é similar ao de um Volkswagen Golf, – nada menos que o primeiro modelo a atingir as cinco estrelas no quesito segurança do passageiro criança pelo Latin NCAP, ou seja, um veículo considerado muito seguro.

No teste é verificado o deslocamento e aceleração da cabeça do boneco, cargas no pescoço, forças e movimentos na junção do pescoço com a cabeça e aceleração do tórax. Para definir a nota ainda são levados em conta a facilidade de uso e informações contidas nos manuais. Vale ressaltar que, para homologar uma cadeirinha e ela ser vendida no Brasil com o selo do Inmetro, são realizados apenas testes de colisão fontal a 50 km/h. Outro ponto, que deve ser levado em conta diz respeito à escolha dos modelos. De acordo com a proteste, as cadeirinhas foram escolhidas pela facilidade de encontrá-las no mercado, em uma ampla faixa de preços – que vão de R$ 169, 90 a RS 1.399 – e por indicação de instituições que defendem a segurança do consumidor.

Dino Lameira, engenheiro da Proteste e responsável pelos testes, apelou para que os pais fiquem atentos com a segurança e reivindiquem produtos melhores para a proteção de seus filhos. “O mercado vai dar aquilo que o cliente pede”, reforça. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, no teste de colisão frontal, o modelo Galzerano Orion Master chegou a quebrar na parte traseira, próximo ao cinto de segurança da cadeirinha. No Baby Style Cadeira 7000 e Chicco Xpace, houve grande deslocamento do boneco usado nos testes. Para quem acha que o produto melhor é sempre o mais caro, os testes apontam que ambas cadeiras tiveram a mesma nota, duas estrelas, e elas custam R$ 169,90 e R$ 1.140, respectivamente. Segundo a associação, no caso da Baby Style 333, a presilha lateral se rompeu e a cadeira se desestabilizou completamente, jogando o boneco para todos os lados e levando-o a quase fazer uma cambalhota.

Os resultados foram ainda piores no teste de colisão lateral, que não é exigido pelo Inmetro. Na Burigotto Touring SE 3030 e Lenox Casulo, ocorreu um forte contato da cabeça com a lateral da porta. Os demais modelos foram considerados ruins, porém com menores danos ao boneco. O único modelo com segurança lateral adequada, segundo a associação, foi o Bebe Confort Axiss, que não permitiu o contato da cabeça com a porta lateral do veículo.

Outro quesito avaliado foi a facilidade de instalação, que faz dar nó na cabeça na cabeça de alguns pais que, por vezes, não fazem a fixação correta, colocando a segurança da criança em risco. Quem já tentou instalar uma cadeirinha sabe do que estamos falando. Nesse item, o pior resultado ficou com a Baby Style 333 pela dificuldade na hora de passar o cinto de segurança pelos caminhos e ajustá-lo depois. Também houve problemas para entender como preparar a cadeirinha em caso de conversão de grupo 0+ (até 1 ano e com até 13 quilos), para o grupo 1 (1 a 4 anos e 9 a 18 quilos).

As cadeirinhas mais fáceis de instalar foram a Burigotto Touring SE 3030, Lenox Casulo, Baby Style Cadeira 7000, Bebe Confort Axiss, Chicco Xpace, Chicco Eletta e Nania Cosmo SP Ferrari. Na hora de colocar a criança na cadeirinha, os resultados não foram tão ruins. Ufa!

Lameira foi categórico ao dizer que “as cadeirinhas vendidas no Brasil são ruins”. O engenheiro aproveitou ainda para cutucar o Inmetro, cujo posicionamento foi inaceitável, segundo ele, na última apresentação de resultados (esta é a quarta avaliação realizada pela associação). “Eles disseram que precisaria haver primeiro uma certificação na Europa ou Estados Unidos para que pudéssemos segui-la depois, descartando qualquer vislumbre de pioneirismo quanto à segurança dos pequenos”, lamentou.

Outro ponto que o engenheiro levantou foi a importância da montadora e fabricante de cadeirinhas estarem alinhados. “No teste anterior a este, o cinto do Ford Ka não passava em determinado bebê conforto pois ele era mais largo que a abertura da cadeirinha destinada para este fim. Isso não pode acontecer.”

Mesmo com resultados aquém do esperado, os fabricantes não podem deixar de vender seus produtos pois estão amparados pela lei, pois passaram nos testes do Inmetro. “A mensagem que deve ficar é sobre a importância do uso das cadeirinhas. Em hipótese alguma transporte uma criança em um veículo sem utilizar o assento adequado, mesmo no nível de qualidade em que se encontram hoje, as crianças estão mais protegidas dentro do que fora deles”, concluiu. Como alternativa, muitos pais que tem condições financeiras optam por trazer cadeirinhas de fora do País.

Fonte iG

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