O presidente da TAM Aviação Executiva (TAM AE), Leonardo Fiuza, prevê que o mercado brasileiro de aviação executiva vai voltar a crescer em 2018, após três anos seguidos de retração. O plano da empresa – uma das três maiores do setor, ao lado da mineira Líder Aviação e da paulista Icon Aviation, do empresário Michael Klein -, é diversificar as fontes de receitas para aproveitar essa reação da demanda no país.
O executivo afirmou que a crise levou a empresa a diversificar as operações, com a prestação de serviços nas áreas de logística e manutenção, para depender menos do táxi aéreo e mesmo da venda de aviões novos. “A gente vendia em média 50 aeronaves por ano antes da crise. Isso chegou a cair pela metade em 2016. Mas o pior momento passou. E este ano devemos vender 36 aviões”, disse.
A TAM AE, representante exclusiva no Brasil para a venda de aeronaves e prestação de serviços de manutenção da Textron – empresa americana que fatura US$ 14 bilhões por ano com a fabricação das aeronaves das marcas Cessna, Beechcraft e dos helicópteros Bell -, lançou no começo deste ano uma nova unidade de negócios, voltada para logística e venda de peças.
“Formamos um time de vendedores apenas para essa área. Esse setor deve representar metade de nosso faturamento no ano que vem”, disse Fiuza, explicando que essa equipe fornece peças de reposição para centros de manutenção, proprietários de aeronaves particulares e mesmo pequenas companhias aéreas de passageiros e cargas.
Com a reação da demanda e da atividade econômica, Fiuza espera que a empresa será capaz de ter uma retomada mais forte do faturamento, apoiada exatamente na prestação de serviços de manutenção de aviões e de logística. O plano de negócios da TAM AE busca elevar o faturamento da companhia dos atuais R$ 180 milhões para a casa de R$ 250 milhões até 2019. Cerca de metade desse valor será gerado pelos serviços, 30% pela venda de aeronaves e 20% por outras atividades, como taxi aéreo e serviços aeroportuários.
A execução do projeto tem ficado cada vez mais sob responsabilidade dele, especialmente depois que o controlador e presidente do conselho da companhia, Mauricio Amaro, mudou-se para Nova York, no começo do ano. O filho do fundador da TAM, Rolim Adolfo Amaro, deixou o conselho do grupo Latam em abril deste ano e, desde então, tem se dedicado ao ativo da família que ficou fora da fusão entre TAM e LAN em 2012. “Converso com ele sempre. O plano estratégico da companhia passa por ele”, disse Fiuza. “Apesar da crise, o mercado de aviação executiva no país ainda é o segundo maior do mundo. É um mercado que vai voltar a crescer e demandar mais serviços”, acrescentou.
O Brasil é o dono da segunda maior frota mundial de aviação geral, com 15 mil aeronaves em operação, sendo 770 jatos. Mas segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a quantidade de unidades comercializadas caiu 40% entre 2014 e 2016, com reflexos também nos preços e no mercado de usados.
“Houve reação na demanda, com algum reflexo nos preços. Mas ainda existe uma procura por aviões usados”, disse o presidente da TAM AE, que também comercializa aeronaves usadas.
Esse cenário é compartilhado pela Embraer, fabricante brasileira que também produz e vende jatos executivos. Em agosto, a companhia informou que via sinais de uma demanda mais aquecida.
Segundo dados divulgados este mês pela Associação dos Fabricantes de Aeronaves para Aviação Geral (Gama, na sigla em inglês), que reúne as maiores fabricantes de aviões e helicópteros do mundo, a quantidade de novas aeronaves entregues ao mercado de operadores da aviação executiva no mundo atingiu 2.193 unidades nos nove primeiros meses deste ano, crescimento de 3,4% sobre o mesmo período de 2016. Mas em receita houve queda de 0,6%, para US$ 15,9 bilhões – reflexo da retração no preço médio.
Fonte: Valor Econômico
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