De quem são os Legos que começam a se espalhar em profusão pelo Brasil? Dos herdeiros de Ole Kirk Christiansen, que fundou a empresa há mais de 80 anos, ou do grupo paulista MCassab, representante da marca no país desde 2004? Talvez neste momento a resposta não faça muita diferença. Mas, aos poucos, começam a surgir evidências de que a operação brasileira da Lego é um grande brinquedo que não tardará a ser todo desmontado e logo depois reconstruído, peça por peça, de acordo com um novo manual de instruções dos dinamarqueses. A recente abertura de um escritório próprio em São Paulo seria um dos preparativos adotados pelo grupo para assumir o negócio no país. O mesmo raciocínio se aplica aos planos da companhia na área de varejo. Por força de contrato, as três lojas da Lego no Brasil são administradas pela MCassab.
No entanto, os escandinavos pretendem abrir o caixa e investir na abertura de pontos de venda nas principais capitais. E esse talvez seja o momento em que o grupo tomará gosto por brincar sozinho no Brasil. Consultada pelo RR sobre seus planos, a Lego limitou-se a dizer que opera no país desde o início do ano, mas não se pronunciou sobre futuros projetos e nem sobre a relação com a MCassab. Quem tenta se equilibrar sobre esta relação de encaixes e desencaixes é o executivo Robério Esteves. Fossem as duas empresas blocos de concreto de uma mesma ponte, ele estaria rigorosamente posicionado sobre a junta de dilatação. Esteves é metade Lego, da qual é o principal executivo no país, e metade MCassab, na qual comanda a diretoria de operações. Sua missão é alçar o Brasil a um dos dez maiores mercados do grupo no mundo – por ora, a subsidiária ainda luta para se firmar no G20. Esteves já vivenciou duas fases distintas da Lego no Brasil: de 1988 a 2003, acompanhou a empresa em seus anos de voo solo; a partir da associação com a MCassab, passou a usar o duplo crachá. Desde então, a Lego divide com a MCassab os riscos da operação brasileira.
Nesse período, a performance no país nunca deu aos dinamarqueses a segurança necessária para assumir toda a importação e, sobretudo, a distribuição de seus produtos, sempre a cargo do parceiro. Mas os números recentes apontam para outra direção. Em 2013, o faturamento subiu 60% – quem tem filhos pequenos em casa certamente não se surpreende nem um pouco com o índice. Mas nem é preciso tanto. Um crescimento médio anual na casa dos 30% já justificaria o redesenho do acordo com a MCassab. Neste cenário, o mais provável é que a Lego assuma a gestão dos pontos de venda e de toda a parte comercial, cabendo aos brasileiros um papel secundário. O passo seguinte seria a retomada da produção no país, interrompida no início dos anos 2000.
Fonte: Blog IG Relatório Reservado
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